sexta-feira, 28 de maio de 2010

O FERREIRO

Era uma vez um ferreiro que, após uma juventude cheia de excessos,


resolveu entregar sua alma a Deus. Durante muitos anos

trabalhou com afinidade, praticou a caridade, mas apesar de toda sua

dedicação, nada parecia dar certo na sua vida. Muito pelo

contrário: seus problemas e dívidas se acumulavam cada vez mais.

Uma bela tarde, um amigo que o visitara -- e que se compadecia de sua

situação difícil -- comentou:

- É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar

um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo

enfraquecer sua fé, mas apesar de toda a sua crença no mundo espiritual,

nada tem melhorado.

O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso muitas

vezes, sem entender o que acontecia em sua vida. Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, começou a falar e

terminou encontrando a explicação que procurava. Eis o que disse o

ferreiro:

- Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso

transformá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito? Primeiro

eu aqueço a chapa de aço num calor infernal, até que fique vermelha. Em

seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico

golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada num

balde de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor,

enquanto a peça estala e grita por causa da súbita mudança de temperatura.

Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita: uma vez

apenas não é suficiente.

O ferreiro deu uma longa pausa, e continuou:

- Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue agüentar esse

tratamento. O calor, as marteladas e a água fria

terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais se transformará

numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente o coloco no monte de

ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria.

Mais uma pausa e o ferreiro concluiu:

- Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Tenho aceito as

marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão

frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas a única coisa que

peço é: "MEU DEUS, NÃO DESISTA, ATÉ QUE EU CONSIGA TOMAR A

FORMA QUE O SENHOR ESPERA DE MIM. TENTE DA MANEIRA QUE ACHAR MELHOR, PELO TEMPO QUE QUISER -- MAS JAMAIS ME COLOQUE NO MONTE DE FERRO-VELHO DAS ALMAS".

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